
A Ti, Meu Belo Ser...
Vi-te levantar-se das intensas trevas
Cujo divino olhar te viu reflorescido
"És bela! A ti, nada, ninguém recusa..."
Teu ar, teu gesto tua face
São como uma bela paisagem;
O riso brinca em vosso semblante
Como uma brisa no horizonte...
Louco, por ti sou desvairado
E por outros vou sendo odiado
Esperando por ti ser amado...
Por vezes, num jardim perfeito
Eu senti com muita evidência
O sol lacerando meu peito
E humilharam-me com rudeza
Pois um dia ofendi a ti
Cometi a insolência da natureza...
Assim eu quisera um noite
À inteligência etérea de tua pessoa
Subir até ti como um servo...
Perdoe-me por magoar teu seio perdoador
E impor ao teu flanco espantado
Uma larga e profunda ferida...
Por vezes evoquei
Esse silêncio e essa calma
Com esta confissão horrível, sussurrada
Ao confessionário da alma...
Por ti, transformo campos em cemitérios;
Do paraíso faço inferno;
E pela mortalha dos céus
Descubro um cadáver amado
E no celeste descampado
Construo grandes mausoléus...
Céus lacerados e tristonhos
Em vós meu orgulho se fita
As nuvens de dor infinita...
Sou um vampiro de meu coração
Um desses mais abandonados
Ao riso eterno condenados
E que nunca mais sorrirão...
Um belo ser, imprudente ardor
Que ama um ser disforme
No mar de um pesadelo enorme
A debater-se o nadador...
Mergulhado serei nesta sensualidade
Tirar trevas de minha alma que mudar espera
Meu pensamento ardente em tépida atmosfera...
No teu leito de delírios
Terás mais beijos que lírios
Tua lei dominará;
Tudo poderás ordenar!
E só quer teu sonho louco
Alguém que vale bem pouco
Que nem eu posso, ó Deus clemente
Dar-te de presente...
Nada te orna neste instante
Perfume, vestido, diamante
Só tua obscura natureza
Sua eterna beleza...
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